Percy e Amalia

Da mesma forma que os seus irmãos, Percy Davison nasceu em Stepney e foi batizado na igreja de Saint Dunstan. A data de nascimento foi dia 16 de julho de 1852 e a de batismo dia 25 de julho.

Batizado de Percy Davison (1852)

Havia na cômoda do quarto de meu pai uma foto do Percy com kilt aos seus 7 anos. Foto ainda de cristal de prata em vidro. ref42

Existe um registro ref2 de Percy como aprendiz na marinha mercante no navio Aliquis de 1123 tons de 1867 a 1870.

Amalia Sofia Dorotea Söderberg (algumas vezes escrito como Amalia Sophia Dorothy Söderberg) nasceu em 5 de fevereiro de 1870 em Kristianstad, Suécia. Filha de Sven Johansson Söderberg (1837) e Botilla Olsdotter (1832). Os nomes dos pais de Amalia, avós paternos e 3 irmãos foram encontrados em banco de dados sueco DDSS ref20 com a ajuda de uma funcionária da instituição chamada Solveig F., que mandou uma fotografia do documento. Por muito tempo considerei nomes incorretos dos pais de Amalia, obtidos da certidão de nascimento de William Percy Davison, seu filho.

A fotografia de Amalia foi  obtida do seu passaporte emitido em 1915 pelo  consulado britânico em Gothenburg, que encontrava-se com o meu tio Pérsio. Amalia era descrita no passaporte como:  45 anos de idade, altura de 5 ft 4 in, olhos marrons, cabelo levemente acinzentado, face pálida, queixo redondo e nacionalidade britânica pelo casamento.

Amalia Sofia Dorotea Söderberg  (1915)

Às vésperas de completar 41 anos, em 13 de julho de 1893, Percy imigrou para o Brasil de acordo com o registro “Passenger List leaving UK” ref2 no navio Tagus de Southampton para Santos. Ele está identificado como “Mr. P. Davison” e classificado como casado.

Não se sabe ao certo se Percy e Amalia eram casados antes de chegar ao  Brasil. O fato é que existe uma observação colocada à mão no Sweden Household Examination Books, 1880 – 1920 ref3 dizendo que Percy e Amalia se casaram em Santos em 12 de novembro de 1897, ele com 45 e ela com 27 anos. O texto deu bastante trabalho para ser decifrado por estar escrito à mão em sueco.

“Enligt företedd vigselattest frän Santos i Brasilien a 12/11/97 hustru till Engelsk undersåten Percy Davison i Santos. Engelsk undersåte.”

Quando chegaram estabeleceram residência em Santos, depois foram morar em uma vila em São Vicente, próximo às praias. Na época só tinha uma rua em São Vicente, que margeava as praias. ref43

A colônia inglesa em Santos começou a se formar-se a partir da metade do século XIX, com a instalação da São Paulo Railway, da Companhia City, da Western Telegraph, a Royal Mail e outras firmas de origem britânica. ref11
A influência dos ingleses voltou-se principalmente para o campo dos serviços públicos: energia elétrica, transportes coletivos e ferrovias. Para se ter uma noção da importância dos ingleses na economia da cidade, basta lembrar que, durante esse período, aqui foram instaladas agências de três bancos ingleses: o London and Brazilian Bank, o British Bank of South America e o London and River Plate Bank. ref11

De acordo com o registro do Consular Marriages do Government Records Office dos anos 1871-1875 encontrado por Simon M., Arthur Sandes Davison, irmão de Percy, também se casou em Santos, com Stewart Charlotte. Depois foi descoberto em jornais da época ref13 que Arthur morava no Brasil desde pelo menos 1870 e foi gerente do British Bank of South America. Aparentemente, pelo censo britânico de 1881 a esposa e 3 filhos voltaram para a Inglaterra.

A colônia de imigrantes ingleses a americanos de Santos, entre eles Percy e seu irmão Arthur Sandes, fez uma doação para o Hospital Beneficencia Portuguesa em gratidão ao tratamento dado aos compatriotas durante a epidemia de febre amarela. Isto aconteceu em maio de 1892, segundo o jornal The Rio News ref13 de 7 de junho.

Na segunda metade do século XIX, Santos tornava-se o “porto do café”, suplantando a exportação de açúcar, mas não estava preparada para isso: não tinha infra-estrutura para agüentar o volume de exportação de café trazido pela estrada de ferro. ref12
Como havia muito trabalho, ocorreu uma super-população de imigrantes e brasileiros – na área chamada pelo povo, até hoje, de “cidade”–, embora oficialmente seja Centro. Santos é uma cidade quente, úmida, chuvosa e plana. Havia o encharcamento da planície, tornava–se o “paraíso” dos mosquitos da febre amarela, principalmente no verão. ref12
As epidemias ocorreram de meados do século XIX a 1910, aproximadamente, 60 anos fazendo sofrer dia a dia a população e perturbando os negócios do café. A febre amarela flagelou Santos 31 vezes. A epidemia de 1889 causou 750 óbitos em 15 mil habitantes. A de 1891 ocasionou mil mortes, quase 9,8% da população santista. ref12

Percy e Amalia residiram no endereço: ref42
Rua Doutor Cochrane, 28, Paquetá – Santos

Rua Amador Bueno no bairro Paquetá no início do século XX


Percy e Amalia tiveram somente dois filhos:

  • William Percy Davison                                                  - 1898 (Santos)
  • Richard Stanistreet Davison                                          - 1899 (Santos)

Em 1910 Amalia e seus filhos residiram em Kristianstad, Suécia, de acordo com o censo sueco daquele ano ref19 e com o Sweden Household Examination Books, 1880 – 1920 (livros Kristianstads stadsförsamlings Alla9, 1903-1911, página 161 e Alla14, 1903-1911, página 2027) ref3.

William e seu irmão fizeram seus estudos na Suécia. Retornaram ao Brasil em 16 de dezembro de 1915, no vapor holandês Gelria depois de 20 dias de viagem, descoberto na notícia de desembarque do jornal Estado de São Paulo do dia seguinte ref15 e confirmado na lista de bordo deste navio ref10.

Percy trabalhou em Santos como corretor da bolsa de café ref42 e  como corretor de câmbio ref15.
Percy foi naturalizado brasileiro conforme mostra a publicação carioca O Jornal ref13 de 20 de maio de 1921.

Através do jornal Folha de São Paulo ref16 obteve-se informação de que Percy e Amalia viveram no endereço:
Al. Barão de Piracicaba, 659 – São Paulo

Nesta casa viveram várias gerações. Amalia ensinou meu pai a ler o relógio que ficava na parede do hall de entrada desta casa. ref43

Percy faleceu em São Paulo em 28 de maio de 1938 ref16 por doença artério esclerose. Amalia foi dormir e amanheceu morta na cama ref43, em 1º de abril de 1959 ref15. Foram enterrados no cemitério do Redentor em São Paulo, nas sepulturas nº 42/43 quandra V. ref43

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